O ranchariense Enzo Gabriel Balbino, de 1 ano e 2 meses, morreu após
ser submetido a cirurgia no Hospital Estadual Dante Pazzanese, em São
Paulo, no último sábado (26). Desconfiados de um possível erro médico,
familiares exigiram que o corpo fosse analisado pelo Instituto Médico
Legal (IML), onde foram informados que os órgãos da criança tinham sido
completamente retirados e substituídos por serragem. A mãe da criança, a
vendedora Josiane Angélica dos Santos, registrou boletim de ocorrência.
O quadro de Enzo era grave. No dia 16, ele foi transferido de um
hospital de Presidente Prudente para tratar uma cardiopatia associada a
problemas congênitos. O Dante Pazzanese é referência estadual no
tratamento de cardíacos.
Depois da cirurgia, os médicos garantiram que o procedimento tinha sido
um sucesso. Enzo morreu uma hora depois e a necrópsia foi feita no
próprio hospital. O cardiopneumologista Martino Martinelli Filho,
professor livre-docente da USP, diz que o procedimento foge do padrão.
“O médico não costuma mexer no corpo e encaminha para o IML,
independentemente de a família ter autorizado a necropsia. Cada caso
deve ser analisado individualmente”, diz.
A família de Enzo assinou um termo que permitia a retirada de
fragmentos dos órgãos do bebê para exames. “Queria um laudo da polícia
técnica para saber a real causa da morte do meu sobrinho. É um direito
nosso”, explica a inspetora de polícia Juliana dos Santos, que é irmã de
Josiane e tia de Enzo.
Mas foi só após o registro de um boletim de ocorrência no 27º DP (Campo
Belo) que o corpo foi levado para o IML Sul. Lá, o médico-legista
Jaques Cohen teria dito à família que não havia mais órgãos no corpo de
Enzo, que teria sido preenchido com serragem.
"Foi um choque. Jamais autorizamos a retirada dos órgãos do Enzo. O
legista disse que a criança não tinha nenhum órgão e que por dentro do
corpo dele só havia serragem", diz Juliana. A afirmação foi feita na
frente de uma testemunha que estava no plantão do IML e confirmou a
história.
O médico alegou para a família que não poderia mais analisar o corpo e o
exame necroscópico só foi realizado após horas de discussão e espera.
"Ficamos sem saber se os órgãos foram retirados no hospital ou no IML",
fala Juliana.
Já a Secretaria Estadual da Saúde informa que a necropsia foi feita
com fragmentos dos órgãos, respeitando os protocolos médicos previstos
para o caso e o que foi autorizado pelos pais em documento assinado.
A Secretaria da Segurança Pública não esclarece se o corpo realmente
chegou ao IML sem os órgãos ou se o médico-legista mentiu para não
prestar atendimento à família. Em nota, a pasta garante que foram
colhidos “materiais para análise patológica e o resultado do laudo deve
sair em até 30 dias”. Os materiais citados pela SSP podem ou não serem
os órgãos. A morte é apurada pelo 36 DP da Vila Mariana.
Fonte: www.portalprudentino.com.br
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