A diretoria da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu hoje (4) banir do mercado os remédios para emagrecer à base de anfetaminas e manter o uso dos derivados de sibutramina com restrições.
O diretor-presidente da Anvisa e relator do processo, Dirceu Barbano,
propôs o banimento dos inibidores de apetite anfetamínicos
(anfepramona, femproporex e mazindol) em todo o país com base em estudos
internacionais que constataram a baixa eficácia desses medicamentos na
perda de peso e riscos à segurança do paciente. Os outros três diretores
acompanharam o relator.
Com a decisão, os anfetamínicos, usados há mais de 30 anos no Brasil,
estão proibidos de serem prescritos pelos médicos, fabricados no país e
os atuais registros serão cancelados. As farmácias e drogarias terão
dois meses para retirá-los das prateleiras, conforme Barbano. “Para que
os pacientes tenham tempo de readequar o tratamento”, disse o relator.
Quanto à sibutramina, o relator sugeriu que continua liberado o uso
do medicamento para o tratamento de obesidade desde que o paciente
apresente sobrepeso significativo e não sofra de problemas cardíacos. O
paciente e o médico terão de assinar termo de responsabilidade sobre os
riscos à saúde. O uso da sibutramina ficará sob o monitoramento da
vigilância sanitária.
Barbano argumentou que dados mostram que o remédio ajuda a reduzir o
peso e que é possível minimizar os prejuízos à saúde do paciente.
O diretor Agenor Álvares foi o único a discordar do relator. Ele
defendeu também o veto à sibutramina. “Se vários países tiraram [do
mercado] com base em evidências científicas, não podemos ignorar essas
evidências. Se eles têm cuidado com as populações deles, temos também
que ter com a nossa. Essa substâncias devem ser retiradas nos mesmos
moldes das outras [anfetamínicos]”, disse o ex-ministro da Saúde,
acrescentando que não existe protocolo clínico no mundo que recomende o
uso do remédio.
A diretora Maria Cecília Brito propôs que a manutenção da sibutramina
volte a ser analisada pela agência dentro de um ou dois anos.
Lançada em fevereiro deste ano, a proposta original da Anvisa era
vetar os emagrecedores, tanto os feitos com anfetamina como aqueles à
base de sibutramina, seguindo o exemplo dos Estados Unidos e da União
Europeia. O principal argumento era que os riscos à saúde oferecidos por
esses remédios, como problemas cardíacos e alterações no sistema
nervoso central, superam o benefício da perda de peso.
Em nove meses de discussão, os técnicos da agência reguladora mudaram
de opinião. No último relatório, os técnicos permaneceram com a posição
de vetar os anfetamínicos, mas decidiram manter a sibutramina, pois há
comprovação de que o último ajuda a reduzir o peso de 5% a 10% em um
prazo de quatro semanas. A Câmara Técnica de Medicamentos (Cateme),
formada por especialistas externos que prestam consultoria à Anvisa,
sugeriu o banimento dos dois tipos de inibidores de apetite por não
trazerem benefícios (redução do peso) ao paciente.
A maioria dos diretores seguiu a recomendação da equipe técnica.
A ideia de fechar o cerco a esses remédios foi alvo de reclamações de
entidades médicas. A Anvisa promoveu dois grandes debates públicos, em
que a proposta foi contestada pelos especialistas do setor. Para o CFM
(Conselho Federal de Medicina), os remédios auxiliam no combate à
obesidade e, se banidos, reduzem as possibilidades de tratamento para
quem precisa perder peso.
A Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) e a
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia lançaram um
abaixo-assinado contra o banimento dos anorexígenos. Segundo as
organizações, quando prescritos de forma correta, os remédios contribuem
para a redução do peso. As entidades ressaltam que os médicos têm
conhecimento das contraindicações.
Fonte: www.gruponoticia.com.br
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